Animais marinhos agonizam após contaminação de óleo no litoral do Nordeste
A fauna marinha foi bastante atingida pela poluição do petróleo cru encontrado no litoral de todos os estados do Nordeste brasileiro. Há 30 dias, o óleo tomou grande parte da costa e pelo menos 12 animais apareceram cobertos com a substância. A extensão da contaminação com uma substância tão densa determina a letalidade: oito deles não resistiram e morreram.
Já são 132 praias atingidas no Nordeste, segundo o balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) divulgado neste domingo (6). No total, 61 municípios foram afetados em 9 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Onze tartarugas marinhas foram resgatadas oleadas, mas apenas quatro estão vivas, segundo relatório do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Uma ave também foi tratada e não resistiu. A fauna afetada pode ser ainda maior, pois correntes marinhas tendem a não trazer os animais infectados para a costa.
Uma tartaruga recebe tratamento intensivo no Centro de Descontaminação de Fauna Oleada da UERN (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte), em Natal. O bicho estava com o corpo tomado por óleo e com dificuldade de respirar quando foi resgatado na praia da Redinha Nova, em Extremoz, região metropolitana de Natal, no último dia 23.
A tartaruga da espécie Lepidochelys olivacea (Tartaruga-oliva) ainda está em estado de saúde grave, apesar dos mais de dez dias de reabilitação. "Verificou-se que o animal se apresentava completamente recoberto pelo óleo e, embora responsivo inicialmente, apresentava elevado nível de estresse e dificuldade de respiração. Foi observada também presença elevada de óleo nas cavidades nasais, oral e nos olhos", explicou o boletim sobre avaliação clínica.
De acordo com o coordenador do Projeto Cetáceos Costa Branca, da UERN, biólogo Flávio Lima, devido às lesões, a tartaruga está recebendo suporte vitamínico e mineral, assim como medicamentos antitóxicos, antibacterianos e anti-inflamatórios. A terapia adotada deve diminuir as chances de intoxicações causadas pelos resíduos de óleo, evitar instalação de infecções nas lesões nas mucosas, diminuir dor e processos inflamatórios já estabelecidos no animal.
Menores, outros animais marinhos, como caranguejos, guaiamuns e aratus também sucumbiram à presença do óleo. O último balanço, divulgado pelo Ibama na quinta-feira (3), apontou que foram atingidas pelo óleo 124 praias de 59 municípios —o levantamento ainda não incluía as praias da Bahia.
Ontem (6), uma mancha densa e extensa de óleo surgiu no mar da praia dos Artistas, em Aracaju (SE). O local foi interditado Segundo a Adema (Administração Estadual do Meio Ambiente), esta é a maior concentração da substância já encontrada nos nove estados nordestinos afetados pelo derramamento de petróleo cru desde o mês passado.
A substância apareceu nas praias poucos dias depois de um vazamento de cinco metros cúbicos de óleo e água na estação de tratamento de despejos industriais da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), na região metropolitana do Recife. O vazamento ocorreu no dia 26 de agosto. Entretanto, a Semas (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e a Petrobras negam que o material despejado no mar tenha relação com o derramamento de óleo da refinaria.
A Petrobras informou que análise nas amostras de petróleo cru coletadas em praias do Nordeste mostrou que o material não é produzido e nem comercializado no Brasil. Os testes foram realizados nos laboratórios do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras), no Rio de Janeiro. A Petrobras afirmou que está tentando identificar o país de origem do petróleo e as análises de comparação das moléculas dos substratos internacionais devem durar cerca de 20 dias.
(UOL Notícias)